quinta-feira, dezembro 23, 2010





** Bloco de Notas **


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OLHA A ENQUETE AÍ DO LADO
(APÓS VOTAR, para ver o resultado parcial, USE A BARRA DE ROLAGEM 
HORIZONTAL DA ENQUETE) 
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# me perguntam sempre sobre o "FESTINA LENTE" aí em cima, no cabeçalho do blog. Não tem mistério. É uma frase atribuida a Otávio Augusto, primeiro imperador romano, e que traduzida de forma direta do latim diz "apressa-te devagar". Ela traduz a diretriz básica de minha vida. Cautela e firmeza, caldo de galinha e cuidado, endurecer sem perder a ternura...essas coisas.

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sábado, setembro 18, 2010

Mais SAC Divino... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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Paulinha disse:
Criador um amigo meu me pediu pra ficar com ele e eu quero muito mas tenho namorado
isso é tentação do diabo???
"Não, filha. Isso é falta de caráter, respeito e dignidade mesmo. O Diabo não merece a culpa pelas tuas vadiagens… tá?"
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Gin disse:
Deus, porque ela não me ama?
"Porque, diferente de Mim, ela não é obrigada a isso."
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Karina Perussi disse:
Nasci feia, chata e burra. Mas dizem que o Senhor sempre tem um bom plano para seus filhos. Vou conseguir me casar, ter filhos e arrumar um emprego?
"Claro que sim, querida cristã. Mas adianto-lhe que o emprego te deixará mais burra, os filhos te deixarão mais feia e o marido te deixará mais chata."
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cibow disse:
Só pra dizer que eu amo seu jeitinho de cuidar das criaturas…
"DESCULPEM PELA FOME NA ARGÉLIA, É MEU JEITINHO!"
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Suky disse:
Oh Pai, tenho 23 anos, não tenho namorado e ainda sou virgem o que devo fazer será que ja estou passada ?
"CORRE, ARCANJO GABRIEL!!! APARECEU UMA!! PELO MEU AMOR, É UM MILAGRE!!" 

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jaine disse:
Grandioso Deus;
eu gostaria de saber o q vc acha da pedofilia na igreja católica?
"Amada filha,o problema é que enquanto o coroinha crê, o padre aproveita e creu!"
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Lívia disse:
Ó Divino…As mulheres são criaturas tão maravilhosas, perfeitas e divinas.
Somos tão felizes amando umas as outras.. porque fizestes esses seres nojentos, horríveis e burros chamados de homens?
"Vou contar para Jesus, viu?"
#
Paulão disse:
Jogar ovo podre na cabeça do aniversariante é pecado?
"Apenas no dia 25 de Dezembro."
#
lucassz disse:
Meu criador, você sente atração sexual pelas pessoas? Se sim, toparia algo comigo?
"Filho,
Basta continuares com esse comportamento desrespeitoso com Deus que no dia do julgamento final Eu te foderei!"

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regina disse:
Pai,
Estou saindo com o amigo do meu marido, e se ele descobrir o que eu faço????
"Um menage a troi."

Nicholas disse:
PAI,
o figado nao é aquele figado que se regenera……? então vamo vira umas!
"Não, querido visitante. O fígado não se regenera. É como os neurônios, quando morrem… bem, tu já sabes.'"
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Bruna disse:
Louvado Senhor, é correto fazer menage a trois com 4 pessoas?
"Filha,
Incorreto é, além de ser pervertida, não saber contar!"

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Guilherme Costa disse:
É verdade que você é o Buda???
"De forma nenhuma. Um homem de 200kg não pode ensinar sobre auto-controle."
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Chamam me jonas disse:
Senhor,eu comunguei. É pecado?
"Sim! Pecado altamente repreensível. Afaste-se deste Gay agora mesmo."
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Borboleta esvoaçante disse:
Pai querido,
é permitido trancar-se no quarto com as amiguinhas, pedir para chupar os seios delas e depois ficar vendo fotos de outras mulheres nuas alisando-as?
"Pecado é não me chamar!!!!!"
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BOB disse:
Ô todo poderoso,
É pecado eu trocar com meus amigos da faculdade? Fico muito confuso sobre isso. Uma parte na Bíblia diz q nós temos q ir a Vossa Senhoria como somos. E já em outra diz q nós devemos ser MORTOS
isso n seria um tanto CONTRADITÓRIO Senhor?
"Contraditório é fazeres de entrada o que Eu criei para ser saída."
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Vi disse:
Ó senhor,gostaria de saber se é pecado ir para a faculdade desejando que o professor falte à aula.
"É pecado pois infringe o 5º mandamento que ordena-te a honrar pai e mãe, que trabalham duro para pagar esse teu curso de massagista, digo, fisioterapeuta."
#
lindinhaa disse:
eu posso fazer boquetee a vontade?
"Amada cristã, Sim. Entretanto decida-se se cuspirás ou engolirás, não podes continuar gargarejando."
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lady bug disse:
posso ou nao posso encher de porradas alguem qu me encomodo ??
"Se for tua professora de português não. Ela tem toda a razão!"
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Isadora disse
senhor,me ajude a emagrecer sem sacrificios!!
"Certo. Você prefere AIDS ou câncer? "
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Power Guido disse:
Senhor pai,
Posso louva-lo ao inves de trabalhar?
"Cordial usuário, Se fores um sacerdote, a resposta é sim.
Caso não sejas nem mesmo coroinha, a resposta é não."

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alan disse:
posso ficar com uma mulher separada, mesmo ela ainda morando com o marido
"Abençoado visitante, separada? Ainda mora com o marido? Aconselho que afaste-te dessa confusão, ou o corno vai terminar sendo você."
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berg disse:
Estimado, grandioso, alteza magnânima, supremo, e otas cosas:
Tem uns caras dizendo que é proibido comer carne de porco. E Eu dô o maor valor um espetinho assado de carne de porco. Estou pecando? vou para o inferno?
"Meu amado filho,
Obrigado pelos elogios. Proceda da seguinte forma:

1 – Com sua mão direita, incline apenas seu dedo indicador, pondo-o em riste.
2 – Aponte-o, tocando, seu dente frontal.
3 – Conte o terceiro dente para qualquer um dos lados de sua arcada.
4 – Pressione a ponta deste dente.

Sentiu? Isso se chama canino e autoriza-o a comer qualquer tipo de carne. ""

sexta-feira, setembro 17, 2010

Serviço de Atendimento ao Consumidor - SAC....de Deus

 Em comentário sobre o post "Deus está... no TWITTER?!?!?!?!", a Laura Days me informava que existe (do mesmo autor) o SAC do Criador. Clico no link para minutos depois rolar no chão de tanto rir. Os caras criaram um "serviço de antendimento ao consumidor" onde podemos tirar dúvidas diretamente com Deus acerca dos mistérios do universo. Você vai lá ( http://sacdivino.org/ ), faz a pergunta e o próprio Deus responde. Pra atiçar sua curiosidade pincei alguns "atendimentos". Vê só:


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 vicentedeandrad disse:

Amado Senhor, pq a profissão de Programador eh TÃO ingrata?! Tentamos facilitar a vida das pessoas de uma maneira que elas nem imaginam q estão sendo facilitadas, para qualquer coisinha elas ISSO NÃO PRESTA!

"Eu que o diga, Meu filho: Eu passo o dia programando esta Lua cheia e vocês gastam a noite inteira olhando para a tela do computador… "
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@hidekikozuma disse:

Se o senhor é Deus e Deus é pai porque não me dá uma mesada? :)

"Claro, filho, vou providenciar para que caia uma mesa em tua cabeça…"
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Edujanu disse:

Uma pergunta , tudo te uma utilidade no mundo, a minha dúvida é
Pq criou as baratas?

"""Querido cristão, A barata é um bug da criação."""
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Gabi disse:

Grande Senhor, à título de curiosidade: por que o Senhor projetou o corpo masculino de modo que seu ponto de maior prazer ficasse tão perto do ânus? O Senhor já previa o surgimento de homossexuais e quis facilitar a vida deles?

"Que lá Eu coloquei merda você não fala, né?"
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Anna Carolina disse:

Pai Divino,
Por que há tantas notícias de desabamento de tetos somente de igrejas EVANGÉLICAS?

"É que os pastores costumam profetizar: “se eu estiver mentindo, que este teto caia sobre minha cabeça
Eu faço Meu dever…"
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P. disse:

Pai, queria saber o que tens contra os vegans, afinal, Jesus não era vegetariano? Não amava os animais?

"Cuidado com vegans que propagam tanto o benefício dos vegetais. A Serpente era igualzinha, sobre a maçã."
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Gabriel Rodrigues disse:

Pai Tu é foda! Tenho orgulho em ser teu filho! Só quero saber pq vc quando desenhou o litoral do Brasil qdo chegou no Rio Grande do Sul fechou os olhos?

"Meu querido usuário. Não queria que houvesse muito gaúcho se bronzeando nas praias, afinal, vocês já queimam o suficiente em todos os outros lugares."
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Flavio disse:
Ó Todo-poderoso Altíssimo. Por que permitistes a existência das duplas sertanejas? Acaso seria uma prévia do inferno?

"Filho, veja pelo lado bom: se eles não cantassem em duplas, os CDs sairiam em dobro."
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      Lili disse:
  
      Pai Celestial,
      Nos últimos tempos, minha amiga tem falado muitos palavrões e isso tem me incomodado bastante. Já falei com ela e não teve jeito, o senhor não pode ajudar nessa questão?  

      "Queres que eu interfira no livre arbítrio só para satisfazer teus ouvidos, mesmo tu estragando-os diariamente ouvindo Jonas Brothers? Ah! Tua amiga tem razão: vai tomar… "
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Priscila S. disse:
            Pai Supremo,
      Uma pergunta pertinente: no princípio, tudo era caos, certo?  Sendo assim, a primeira profissão do mundo é do Economista, pois só ele compreende o caos.Estou certa?
 

      "Amada cristã,
A primeira profissão do mundo era a da mãe dos economistas."
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Carlos disse:

Ó grande criador, quando é que vou conseguir arrumar um emprego, me dá uma ajudinha aí, blz?

"Não posso, filho. Seria Nepotismo. E Eu não sou como certos senadores… "
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Cazé disse:

Senhor, porque me fez bonito e não rico?!

"Que pena de ti, meu filho. Além de pobre mentiroso… "
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Jade disse:

      Voce nunca responde minhas perguntas, tens medo de ser inferior a minha inteligencia?

      "Que tal usar tua tamanha inteligência para acentuar as palavras? Einstein de quatro patas… "
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Shiryu
 disse:

Porque o senhor não respondeu a minha última oração? Tem alguma coisa haver com eu mora em Cuiabá?

""Claro filho. Se tua cidade fosse abençoada não começaria com… bom… deixa para lá!""
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John Locke disse:

Querido Deus,
Se você fosse para uma ilha deserta, você levaria o Edir Macedo, o R. R. Soares, o Silas Malafaia ou o e. Marcelo Rossi?

"Todos. E deixá-los-ia por lá mesmo… "
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Carla disse:

Paizinho amado, respondei minha súplica
Porque Belém do Pará é o portão de entrada para o inferno? Porque esta terra é tão quente?

"Estimada visitante. Este é um sinal do Apo'calypso'."
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Pedro Fleck disse:

Ó Grande Pai
Porquê vou bem em todas matérias da escola, e só me fodo (perdoai esse pecado) em Português?

"O correto é 'Por que'”.
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Fabio disse:
      Ó pai, uma curiosidade: por quê inventastes a goiabada cascão?

      "Para que vocês pobres comam romeu e julieta, e vê se interessam pela leitura de Shakespeare.Mas, pelo teu 'por quê' mal utilizado vejo que não tem dado certo."




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quinta-feira, setembro 16, 2010

estrelas

              Sou um Carl Sagan que não colou. Com os pés devidamente plantados no chão, me apanho desprevenido a fuçar a natureza dos astros, estranha prática para quem na condição de Arqueólogo deveria dispensar suas atenções e curiosidades para baixo e não para cima. É uma coisa que se engancha entre o fascínio descomprometido que o boêmio devota à lua cheia e a veneração primitiva à divindade dos corpos celestes. Aproveito sempre os minutos de black out que vez ou outra apanham a cidade para correr as ruas e as constelações. Deveria ser a medida do Homem, as constelações. Observar estrelas, percebendo a alternância da cintilação fugaz e o opaco negro dos espaços entre elas, me coloca no devido lugar da Criação: um conjunto ordenado de moléculas orgânicas trepado num grão de poeira azul e úmido que gira desvairado numa perpétua ciranda galáctica. Sim, as estrelas tem essa capacidade. Elas baixam minha bola de forma impiedosa, relegando os nuances da Condição Humana ao seu devido plano.
          A amplitude e a imperscrutabilidade do céu noturno torna mais amarga a parcialidade do Homem, seus desarranjos e desavenças. A equilibrada disposição das coisas do Cosmo me faz sentir um tremendo incômodo ante nossa incapacidade de produzir uma convivência social justa e estável. Somos o efeito desestabilizador no universo da Criação. Uma invenção, uma receita que não deu certo e que esperneia em busca da própria correção.
          Sinceramente, não sei como alguém é capaz de manter a empáfia diante de um céu estrelado. E olha que tem gente que chega às raias da megalomania, como aquele velho amigo que não suporta o sentimento de solidão que lhe assola toda vez que contempla uma noite de estrelas. Segundo ele, a imensidão do Universo visível (sim, pois só enxergamos um naco dele) remete ao fato de constituirmos a única espécie pensante do trecho. Não acredito em tamanho desperdício de espaço... Verdes e com antenas, ou mesmo respirando ácido sulfúrico, há de existir vida nas esquinas das galáxias. Se tenho dúvidas quanto a “existência da existência” não é no espaço, e sim nos becos imundos que criamos aqui na Terra. E quanto a nos enquadrar como “espécie pensante”... sei não...
          O fato é que sou viciado em “ouvir estrelas” (sem perder o senso, Bilac). Neste caso, me refiro à intenção de ouvir e não ao fato efetivo de coletar nos tímpanos a canção do éter. As estrelas falam. Nossos radiotelescópios as escutam por nós.  Por enquanto não somos dignos de realmente ouvi-las, nossos ouvidos tomados pelos lamentos do vilipendiado planeta em que vivemos.
           E seguimos incautos, por vezes a contemplar ilusões. Segundo os astrônomos (os Sagans que deram certo), muito do que vemos não passa dos últimos espasmos de luminosidade de uma estrela em agonia e morte. Seu último refulgir viaja distâncias enormes até nossas incrédulas retinas. Entretidos a contemplar esses cadáveres cósmicos, passam despercebidas situações semelhantes nas vizinhanças do nosso cotidiano. Por exemplo, em época de eleições circulam por todas as vias certas forças a muito mortas. Espero ansioso pelo refluxo de seu nefasto brilho e definitivo fim. Enquanto não acontece me apego as reais e imorredouras estrelas que insistentemente refulgem no negro background da política nacional.


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sexta-feira, setembro 10, 2010

Deus está no... TWITTER?!?!?!?!?!?!??!

A Laura Days (Laurita Dias, para os mais achegados) me passa o link. Vou lá e me cagando de rir já clico em cima e me faço 'seguidor'. É o twitter d'O Criador. Olha só algumas pérolas.



# José e Maria sentiam grande dificuldade para acreditar nas coisas que o menino Jesus lhes dizia. É que eles eram judeus.    
 
# Jesus, quando menino, nunca acreditou em Papai Noel. É que ele só recebia um presente, que valia pelo aniversário e natal.
     
# Estas eleições estão tão catastróficas que, ao olhar a lista de candidatos, o Diabo fez o sinal da cruz.

# E Pôncio Pilatos perguntou para a multidão: "Jesus ou Barrabás? Posso apertar o confirma?" E tivemos a primeira boca de urna da história

# O mundo anda tão sem Fé que, se hoje fosse, os Três Reis Magos chamariam a Estrela de Belém de OVNI.
 
# Tudo bem. Eu também não acredito em ateus.

# Tudo é relativo. Os fariseus conheciam os apóstolos como "gangue do cabeludo".

# Consegui criar o mundo em sete dias porque não tinha nenhum cliente palpitando e exigindo mudanças.
 
# É verdade que "Deus é testemunha", o problema é que sou da acusação.
 
# O cristianismo sempre soube que a Terra era redonda. Quando disse que era chata, se referia à sua vida monótona...
 
# Após o milagre, Jesus se aborreceu bastante quando reclamaram que o vinho estava aguado.

# Asteroides sou Eu jogando golf!

# Podem parar de fazer oferendas à Iemanjá. As praias andam tão poluidas que ela não frequenta mais com medo de pegar hepatite. 





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doido pra meter as mãos... e os olhos

Já disse que quem quiser me presentear, por favor escolher entre um Land Rover, uma Stratocaster Fender Classic ou mesmo uma Harley Davidson Fat Boy. Se você ta achando meio fora do real, entao aqui está uma excelente oportunidade de me deixar muito feliz e por módico preço. Fazem meses que arranco cabelos pra ler o "Bizâncio' do Stephen Lawhead. Um tijolaço de quase 800 páginas. Não foi publicado no Brasil, mas tem lá em Portugal. Não se incomode pois que todos sabem que adoro ler no potuguês da 'terrinha'. Livraço que promete, olha essa resenha (Rubens e Lucas, olha só se nao é pra perder o juizo...)


""""""Bizâncio, de Stephen Lawhead
Tradução de Manuel Cordeiro
Bertrand, 2000, 755 pp.

p/ Ricardo Ribeiro

O irmão Aedan havia sido escolhido para integrar a Peregrinação. Um conjunto de abadias britânicas e irlandesas desejavam oferecer um precioso livro ao Imperador do Sacro-Império, pelo que se impunha uma viagem à longínqua Bizâncio. Os seleccionados, treze ao todo, partem da Irlanda, para dar início a esta epopeia. Estamos no início do século X.

Preparado com esta súmula que é rapidamente explicada nas primeiras páginas da obra, o leitor recosta-se e pensa já que vai testemunhar indirectamente as aventuras do grupo de religiosos ao longo desta longa viagem. Será um percurso onde um pouco de tudo lhes vai acontecer, e no decorrer do qual conhecerão os mais bizarros costumes e gentes. Não. Nada disso. Porque logo após a largada, a embarcação em que pretendem viajar até Nice é atacada por Vikings. Naufragados, chegam a terra onde se abrigam na hospitalidade das gentes locais. Por pouco tempo. Durante a noite o mesmo grupo de nórdicos ataca a povoação, matando muitos, e levando como cativo Aedan. Para ele, e aparentemente, a Peregrinação terminou. Para os seus companheiros de viagem não se adivinha melhor sorte, antes pelo contrário.

É assim que o personagem principal desta história se encontra a viver em terras dinamarquesas, escravo de Gunnar, um amo bondoso, quase amigo. Conhece os costumes dos terríveis homens do mar e aprende a sua linguagem. Mas a estadia é curta. Harald, rei local, tem uma ambição: organizar uma expedição a Bizâncio, onde, segundo se diz, os servos possuem mais riquezas que o mais poderoso senhor da Escandinávia.

Aedan, que entretanto passou para a posse deste rei Harald segue com o grupo, para Sul. Através da rede fluvial da Europa Central atravessam o Continente, passando por Kiev e chegando enfim a Bizâncio, onde rapidamente se torna claro que não poderá ser bem sucedida qualquer tentativa de pilhagem. Perante a surpresa do imenso poderio do Império, Harald opta por se juntar ao Imperador, a soldo. É com este estatuto que todos partem para o Médio Oriente, para escoltar uma importante missão diplomática que deve firmar um tratado de paz com os árabes. Mas as coisas correm mal, e Aedan dá por si cativo e condenado a trabalhos forçados para o resto da vida, nas minas de prata do Califa. Aí vai encontrar, com grande surpresa, os seus irmãos irlandeses, que tinham caído numa misteriosa armadilha. Contudo, um golpe inesperado traz até si Faysal, o braço direito do emir que representou a nação árabe nas negociações. Tornam-se amigos, e Aidan vai ser adoptado pelo emir como seu conselheiro. Agora em terras árabes, Aidan é forçado a aprender uma nova língua, e estabelece-se uma ligação amorosa com a bela Kazimain, que não abandonara a borda do leito onde o monge recuperara dos maus tratos sofridos nas minas. Tornam-se noivos, mas os factos interpõem-se na felicidade de ambos. Todos têm que partir de novo para Bizâncio numa missão decisiva.

E por aqui me detenho no resumo da trama, tal como se impõe de forma a não retirar o interesse pela leitura desta excelente obra. De facto, dispersa ao longo de cerca de setecentas e cinquenta páginas, o romance é de tal forma vivo que com facilidade é lido em poucos dias. Como deixei antever, está cheio de aventuras, tendo como centro o irmão Aedan, um monge que vive atormentado com visões da sua própria morte e com uma falta de fé crescente. As mudanças de cenário são intensas, desde a verde Irlanda, passando pelo frio dinamarquês, pela opulência bizantina e, por fim, pelos modos requintados das Arábias. Naturalmente, a par com as alterações físicas e ambientais, sucedem-se mudanças nos costumes e atitudes dos povos que habitam estes lugares, e que sucessivamente interagem com Aedan. Por todas estas paragens o monge faz amizades, que perduram, e tornam a surgir de modo mais ou menos inesperado, um pouco mais à frente.

Trata-se de um romance ético, ou seja, em que o mal é permanentemente derrotado, e o bem é recompensado, nem sendo preciso chegar ao final do livro para que tal aconteça em apogeu. É como se se tratasse de pequenas histórias, ligadas entre si, e com fins distintos. Torna-se necessário sublinhar que, num plano superior, existe um fio condutor mais poderoso, que se vai sentindo e que culmina no final. É a face da intriga política ao mais alto nível, que inflige a Aedan o golpe mortal no pouco que resta da sua fé.

Um romance que me fará procurar com avidez outros títulos de Stephen Lawhead, mas que, infelizmente, me deixou com uma certa frustração. Assumindo-me como romântico convicto, foi com pesar e mesmo um pouco de irritação que vi que a encantadora princesa Kazimain se vê afastada de Aedan por acção do destino. Preferiria de longe encerrar o livro com a imagem de um Lawrence das Arábias medieval, vivendo até ao resto dos seus dias numa vida tranquila entre os novos irmãos árabes, com a bela princesa a seu lado. O autor assim não o permitiu.

A tradução de Manuel Cordeiro merece o nosso louvor.
"""""
 QUEM ACHAR PRIMEIRO PASSA PROS OUTROS COM URGENCIA


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Sleeping Sun

Pô, fazem anos que chega a dar azia. Não tinha as mamatas que se tem hoje na net onde é mais que factível achar de tudo com um ou dois cliques (e alguma paciência). Quando eu enchia o saco dos VHSs que tinha no acervo, ficava tocaiando o que rolava na TV por assinatura (na epoca a saudosa Directv) com o video cassete em ponto de bala pra gravar. Pintava alguma coisa interessante, REC nela... Pois bem. Lá estava eu agonizando de tédio e caçando coisas pra tomar uma grande, daquelas sebosas... De repente (nao sei em que canal) pinta um som meio 'estranho'. O lance era uma cortina de sintetizadores quase asfixiante, uma guitarra ligeiramente abelhuda e uma vocalista
solo cantando em formato OPERÍSTICO.  Puta que o pariu. A música era lindíssima e a dita moça mais bela ainda. Eram os finlandeses do Nightwish com a Tarja Turunen no frontspicio e o seu Metal Melódico. Não deu outra. Peguei tudo dos caras (e da dona, e da dona). Aquela coisa meio "gótica classe média-alta", muito unicornio, magos e a porra toda. Espremendo as espinhas, o trabalho dos caras era muito bom  sem pretensões muito sinfônicas (ao contrario do Haggard, só pra citar um). A Tarja não era (e nao é) nenhuma Maria Callas, mas quem se importa? No cômputo final (os sintetizadores do Tuomas, que eu chamo de Mazinho, emoldura tudo de forma magistral) a coisa era mais que palatavel. Digo "era". Preteritozão. A Tarja Turunen caiu fora e no lugar dela entrou uma sueca com cara de puta. Quebrou o encanto. Nada contra suecas e muito menos contra putas. O que pega é uma sueca com cara de puta e cantando ruim (não é tão ruim assim... é so saudade da outra). Porra e logo no espaço da Tarja... Larguei o Nightwish e segui meu caminho. Semana passada dou de cara com o show "Nightwish - End of an Era", o último da "era" Turunen. Fantástico. Os caras bem mais maduros, upgrade nos arranjos e a Tarja Turunen com um guarda-roupas de mil peças que ela usa e abusa no decurso do espetáculo. "Sleeping Sun", a música que me apresentou a banda, ficou muito mais envolvente. "The Phanton of The Opera" ganhou uma pegada muito mais furiosa que deixou mais dramático o que já é tenso. E o que me fez pular da cadeira: "High Hopes". Quando vi no track list pensei em outra "High Hopes". Quando começa, surpresa: é a música do Pink Floyd (fase Gilmour) um dos destaques do disco "The Division Bell", último da legenda Floyd. 
Foi isso. E so me resta propor aos amigos e amigas um experimento. Subi as duas versoes de "Sleeping Sun". A original com a Tarja Turunen e uma outra (ao vivo) com a Anette Olzon (a sueca). Clica aí embaixo, abre e ouve as duas. Depois vocês voltam aqui e me dizem se é cisma minha com a "Nordica Peituda".

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quarta-feira, setembro 08, 2010

gargalhadas

     Pode parecer exagero mas nao é... Ontem por volta das 19:30 hrs lá estava eu exausto de tanto rir. Os músculos da face, em coro com o abdomen, doiam a mais não poder. Nao era pra menos. Por aquelas voltas, completava eu já mais de seis horas de gargalhadas initerruptas, uma maratona de humor que encampava os shows "Bigger & Blacker" e "Never Scared", do Chris Rock; "Delirious" e "Raw", do Eddie Murphy; "Live in Boston" do Rowan Atkinson e, finalmente, o "Portugal ao Vivo no Teatro Sa da Bandeira" do humorista português Fernando Rocha.



    O destaque é indubitavelmente as performances do Chris Rock. Além do desempenho do moço (que conhecemos de vários filmes), o texto que ele desenrola no palco é soberbo, tanto em um show quanto no outro. 
    O Rowan Atkinson, o famigerado Mr. Bean, vem com todas as sutilezas do humor britânico temperadas por um espetáculo de mímica. O lance é que aqui ele fala, em contraponto com o silêncio engraçado do Mr. Bean (personagem que não está presente nesta mostra). O Eddie Murphy (outro que nos chegou via telona), esse é escrachado. O texto é temperado com uma carga de palavrões e xingamentos a deixar corado o Costinha. Mas tudo com inteligência e bom gosto. É de se notar que o Eddie é um imitador de mãos cheias e um ator que encarna em cena os mais diversos personagens. O foda são as legendas. Como ele dispara o texto como uma metralhadora, os olhos ficam cansados de seguir a legenda. Enquanto nosso inglês ainda engancha na tradução de "Imagine", é o jeito se aguentar com as ditas. 
     Já o Fernando Rocha nos apresenta outro dilema: o português de portugal. Temos de abrir as "oiças" para o idioma de Cabral & Camões, atentos o tempo inteiro aos seus nuances muito próprios. Nada de grave pois que com 10 minutos você já é o próprio Carlos do Carmo. 
    Uma tarde-noite fantástica em minha "cela de monge high tech". Se rir faz bem a alma, quero crer que a minha está abastecida pelas próximas décadas.

ps - deixo pra hoje os dois shows do Monty Python... se os assistisse ontem com certeza sofreria uma síncope. Esses já ví a muitos anos atras. O Papa e Michelangelo e os juizes gays do Supremo Tribunal Inglês SÃO QUADROS IMPAGÁVEIS.

segunda-feira, setembro 06, 2010

O Legado de Tron

Quando os estúdios Disney lançaram "Tron - Uma Odisséia Eletrônica" em 1982, nós aqui da "colônia" ainda não estávamos lá muito familiarizados com o tal do "computador". Era um brinquedinho para poucos. Assim , quando nos sentamos nas cadeiras dos cinemas pra assistir ao filme fomos pegos pelo visual deslumbrante (pra época, pra época), todo em neon, enquanto "boiávamos" na história. Na verdade "Tron" antecipava em muitos anos a fabulosa e criativa saga digital "Matrix". Como diabos a gente, ainda cheirando a década de 70, poderia sequer supor um universo virtual, uma realidade paralela de softwares que falavam e tomavam decisões? Vivo dizendo aos meus "pupilos e pupilas" da impossibilidade de tentar compreender qualquer perfil cultural sem uma mínima noçao de contexto. O "Tron" de 1982 é um exemplo disso. 
          
          Você deve ter notado que tarjei o filme com uma data: "Tron" de 1982. E tem outro? Tem sim. Fiquei felicissimo em saber que vem aí, senão um remake, mas uma solução de continuidade na forma de "Tron - O Legado" que deve chegar às telas ainda em 2010. Esses dias baixei pra rever (quase trinta anos depois) o primeiro "Tron", o original antes do upgrade. Que visão os caras tiveram do andar da carruagem... Tá tudo lá, décadas antes, sem dever nada ao 'hoje'.

sábado, setembro 04, 2010

presidência

deu na Folha de São Paulo

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"Pesquisa Datafolha realizada ontem e anteontem em todo o país mostra estabilidade no quadro eleitoral: Dilma Rousseff (PT) oscilou de 49% para 50% em uma semana, e José Serra, que estava com 29%, tem 28%. Marina Silva (PV) está com 10%, contra 9% da semana anterior."

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segunda-feira, agosto 30, 2010

animação triste

Me perdoem o trocadilho infame aí em cima. Nunca fui  muito bom em criar, e nesses dias que correm a coisa anda meio que fodinha (só que sem foda). Rotina brutal quebrada quando em vez por algo que pinço por aí. E a bola da vez é o longa de animação 'Mary and Max'. Fabuloso, fantástico, elevante e, em muitos momentos, (fala sério... a maioria deles) deprimente. Uma ode a solidão, a distância, ao nascer, a superação... Paro aqui que a coisa tá parecendo aqueles odiosos textos de auto-ajuda tao em voga entre amebas e protozoários. O 'Mary and Max' chega a mim ainda sob os efeitos sombrios do 'Metropia', outra animação meio dark. Mas, amigos e amigas, o 'Metropia' parece o 'Schrek' se comparado ao peso e densidade do 'Mary and Max'. Assista, nao deixe de assistir. Onde vc pode achar o dito??????? Ora bolas, na net, porra, na net...



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sexta-feira, agosto 27, 2010

palhaço

Palhaço??????  Somos todos, somos todos
Leia com atenção a entrevista do Tiririca,  candiadto a DEPUTADO FEDERAL. Foi concedida a Folha de São Paulo (on line). Não sei se tenho pena (de mim, por morar nessa merda de país), intensa euforia (por saber que se eleito o povão toma no rabo de novo), ou profundo ódio (sabendo que enquanto moro nessa favelona, tomo no rabo junto com o Zé Povinho). Nao deixe de ler...CÔMICO, NAO FOSSE TRÁGICO

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Folha - Por que você decidiu se candidatar?
Tiririca - Eu recebi o convite há um ano. Conversei com minha mãe, ela me aconselhou a entrar porque daria pra ajudar as pessoas mais necessitadas. Eu tô entrando de cabeça.

Folha - De quem veio o convite?
Do PR.

Folha - Como foi?
Por eu ser um cara popular, eles acreditaram muito, como eu também acredito, que tá certo, eu vou ser eleito.

Folha - Sabe o que o PR propõe, como se situa na política?
Cara, com sinceridade, ainda não me liguei nisso aí, não. O meu foco é nessa coisa da candidatura, e de correr atrás. E caso vindo a ser eleito, aí a gente vai ver.

Folha - Quais são as suas principais propostas?
Como eu sou cara que vem de baixo, e graças a Deus consegui espaço, eu tô trabalhando pelos nordestinos, pelas crianças e pelos desfavorecidos.

Folha - Mas tem algum projeto concreto que você queira levar para a Câmara?
De cabeça, assim, não dá pra falar. Mas como tem uma equipe trabalhando por trás, a gente tem os projetos que tão elaborados, tá tudo beleza. Eu quero ajudar muito o lance dos nordestinos.

Folha - O que você poderia fazer pelos nordestinos?
Acabar com a discriminação, que é muito grande. Eu sei que o lance da constituição civil, lei trabalhista... A gente tem uma porrada de coisa que... de cabeça assim é complicado pra te falar. Mas tá tudo no papel, e tá beleza. Tenho certeza de que vai dar certo.

Folha - Quem financia a sua campanha?
Então... o partido entrou com essa ajuda aí... e eu achei legal.

Folha - Você tem ideia de quanto custa a campanha?
Cara, não tá sendo barata.

Folha - Mas você não tem ideia?
Não tenho ideia, não.

Folha - Na propaganda eleitoral você diz que não sabe o que faz um deputado. É verdade ou é piada?
Como é o Tiririca, é uma piada, né, cara? 'Também não sei, mas vote em mim que eu vou dizer'. Tipo assim. Eu fiz mais na piada, mais no coisa... porque é esse lance mesmo do Tiririca.

Folha - Mas o Francisco sabe o que faz um deputado?
Com certeza, bicho. Entrei nessa, estudei para esse lance, conversei muito com a minha mãe. Eu sei que elabora as leis e faz vários projetos acontecer, né?

Folha - O que você conhece sobre a atividade de deputado?
Pra te falar a verdade, não conheço nada. Mas tando lá vou passar a conhecer.

Folha - Até agora você não sabe nada sobre a Câmara?
Não, nada.

Folha - Quem são os seus assessores?
Nós estamos com, com, com.... a Daniele.... Daniela. Ela faz parte da assessoria, junto com.... Maionese, né? Carla... É uma equipe grande pra caramba.

Folha - Mas quem te assessora na parte legislativa?
É pessoal do Manieri.

Folha - Quem é o Manieri?
É... A, a, a.... a Dani é que pode te explicar direitinho. Ela que trabalha com ele. Pode te explicar o que é.

Folha - Por que seu slogan é 'pior que tá, não fica?
Eu acho que pior que tá, não vai ficar. Não tem condições. Vamos ver se, com os artistas entrando, vai dar uma mudança. Se Deus quiser, pra melhor.

Folha - Esse slogan é um deboche, uma piada?
Não. É a realidade. Pior do que tá não fica.

Folha - Você pretende se vestir de Tiririca na Câmara?
Não, de maneira alguma.

Folha - Quem é o seu espelho na política?
Pra te falar a verdade, não tenho. Respeito muito o Lula pelo que ele fez pelo nosso país. Ele pegou o país arrasado e melhorou pra caramba.

Folha - Fora ele...
Quem ele indicar, eu acredito muito. Vai continuar o trabalho que ele deixou aí.

Folha - Então você vota na Dilma.
Com certeza. A gente vai apoiar a Dilma. Ele tá apoiando e a gente vai nessa.

Folha - Não teme ser tratado com deboche?
Não, cara. Não temo nada disso. Tô entrando de cabeça, de coração. Tô querendo fazer alguma coisa. Mesmo porque eu sou bem resolvido na minha profissão. Tenho um contrato de quatro anos com a Record. Tenho minha vida feita, graças a Deus. Tem gente que aceita, mas a rejeição é muito pouca.

Folha - Se for eleito, vai continuar na TV?
Com certeza, é o meu trabalho. Vou conciliar os dois empregos.

Folha - Em quem votou para deputado na última eleição?
Pra te falar a verdade, eu nunca votei. Sempre justifiquei meu voto.


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domingo, agosto 22, 2010

1991-2011: 20 anos de cajazeirado


        Acho que era fim de 1989, talvez meados de 1990. Ainda em Mossoró, o Paulinho, amigo de copo e professor da área de Lingüística, me ligava. A Universidade Federal da Paraíba abria inúmeras vagas para professor efetivo no campus de Cajazeiras. Toparia eu o desafio de deixar as terras potiguares no caso de sucesso no certame anunciado? Hesito. Carreira construída em Mossoró, profundamente envolvido na cena cultural da cidade, colunista do jornal O Mossoroense, secular informativo local, não me percebia longe da Terra do Sal, dos meus amigos e familiares. Em verdade nunca tinha me passado pela cabeça deixar os números 1636-1648 da Avenida Rio Branco.

        Meu desconhecimento acerca de Cajazeiras era completo. Lembro bem que perguntei ao Paulinho: “Fica perto de João Pessoa?”. Minha ligação com o Sertão Paraibano era muito mais pelos nomes curiosos que enquanto criança ouvia dos passageiros que subiam ou desciam dos trens que se encostavam na estação ferroviária, frente a casa de minha mãe e que elegemos parque de diversão (para o desespero dos vigias). Sousa, Pombal, Cajazeiras eram nomes que reverberavam em minhas infantes “oiças”. Mas era só.

        O fato é que desabamos pra Terra do Padre Rolim, eu, o Paulinho e mil caixas de livros. Desembarcamos na velha rodoviária e nos instalamos no hotel do Sr. Vicente. O estabelecimento se encontrava lotado, gente de todos os quadrantes, todos amolando facas para encarar as provas que, se bem respondidas, garantiriam a condição de professor efetivo com dedicação exclusiva da Universidade Federal da Paraíba. 

        Tardezinha, dois dias antes do começo do concurso, sentamos em uma choperia lá na praça João Pessoa e não dá outra. Esgotados e tensos de tanto estudar, enchemos a cara de cervejas. De volta ao hotel, o anjo da guarda do Paulinho resolve dar um cochilo. O moço escorrega no banheiro e, às vésperas das primeiras provas, fratura o braço. O braço direito, que no seu caso, é o que segura a caneta. Mesmo assim ele segue em frente e resolve encarar a coisa, mesmo sem um “tentáculo”. Reprovado na primeira fase (sua extrema competência abalada pelo nefando acidente) o Paulinho arruma as malas e, junto com um monte de gente, volta pra casa. Fico eu e mais um punhado para peitar a segunda etapa do seletivo. Terminada ela, arrumo os panos-de-bunda e desabo de volta ao ninho. Nunca me incomodei com o resultado dessa aventura. De volta a Mossoró, os muitos compromissos do cotidiano relegam aqueles meses ao esquecimento. 

        Foi por volta das 23:00 horas em algum momento do ano de 1991. Tinha terminado minha décima quarta aula do dia e, completamente exausto, assistia em um velho videocassete o filme “Um Dia de Cão” estrelado pelo Al Pacino. O telefone toca. Levanto da rede e atendo um certo Prof. Valdeberto Lira que se identificava como Chefe do Departamento de Ciências Sociais do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal da Paraíba, campus de Cajazeiras. Me informava que a instituição chamava para assumir seus cargos os aprovados no último concurso para professor efetivo e que eu, naquela condição, era instado a manifestar-me. De momento não acreditei. Tanto foi assim que pedi ao então desconhecido Prof. Valdeberto que me fornecesse um numero telefônico para que eu retornasse. Desconfiava eu de um trote, prática sacanamente comum entre meus amigos que faziam da coisa um esporte (do qual eu era fervoroso adepto, confesso). Desligo e ligo de imediato para o número fornecido. Não era trote.

         O Prof. Valdeberto (até hoje pessoa a quem dedico profunda estima e enorme respeito profissional) não só era quem dizia ser, como também me jogava a bomba nos peitos: eu tinha pouco mais de 48 horas para assumir o cargo antes que expirassem os prazos para tal. Quase meia noite, desligo o fone e acordo todo mundo. Era assim que as coisas funcionavam lá em casa. Nada era decidido sem uma “assembléia” familiar. Na sala, reunidos de pijamas e camisolas, minha mãe, meus avós e tios-avós maternos. Coloquei a situação de forma clara. Eu tinha pouco tempo para tomar posse em João Pessoa e de imediato assumir o cargo em Cajazeiras. E pior. Para tomar posse eu deveria me desvencilhar de todos os meus vínculos empregatícios em Mossoró. Tinha de chegar em “jampa” com as exonerações nas mãos, completamente desligado de qualquer instituição, quer fosse pública ou privada. Quase duas horas da manhã, tudo decidido: eu deveria me mudar de mala-e-cuia para as margens do Açude Grande.

         Me acompanhava em minha nova vida, minha mãe. Foi “pêi-bufo”. D. Dione se apaixona pela cidade. Sempre muito reservada, mamãe me surpreendia com aquele rasgo de ligação que ela estabeleceu com a pequena urbe que nos recebia. Adorava ir à feira de frutas. Se comprazia em conhecer meus colegas de trabalho, quase todos recém chegados como eu próprio. Desmandos do destino, pouco tempo depois D. Dione é acometida por grave infarto e retira-se de Cajazeiras para não mais voltar. Não mais como residente, pois que seu estado inspirava cuidados.

         Mas não era somente minha mãe que Cajazeiras seduzia. A cada dia que passava as surpresas se acumulavam. Vinha eu de um centro quatro vezes maior que a “cidade do padre”. Por outro lado, tinha já palmilhado o Brasil inteiro, coberto dois dos paises platinos (Uruguai e Paraguai) e ainda metido metade de um pé em território argentino. O que diabos aquela pequena cidade tinha que tanto me fascinava? Hoje percebo claramente: Cajazeiras tinha (e tem) gentes e histórias. Tudo o que tinha visto mundo afora, percebia aqui uma pequena amostra. A banda de rock, os grupos teatrais, a tradição de luta no decurso dos pesados anos da Ditadura (com direito a bomba em cinema e tudo), o time de futebol ativo e vencedor, uma noite pra lá de boêmia. Isso e muito mais, sem perder o ar puro de província. Mas o que me pegou mesmo foram as pessoas. Com duas semanas no trecho parecia que aqui tinha nascido e me criado. Completado um ano de permanência, já não queria daqui sair. Tudo cheirava à comunidade. Até mesmo o campus respirava essa condição. Todo mundo conhecia todo mundo, e as picuinhas se esgotavam ante situações mais graves. Lembro-me de uma reunião sindical onde se falava do numero de professores ligados ao Centro. Éramos noventa e tantos. Hoje somos quase duzentos.
         Comecei a suspeitar do rumo do andor quando visitava Mossoró e mal botava os pés fora da casa de minha mãe. Sentia o esgarçar da ligação com minha cidade de origem, o vínculo restante residindo somente nos poucos familiares que ainda viviam na Avenida Rio Branco. E quando a visita se estendia me apanhava pensando no cotidiano, meu cotidiano, lá no Alto Sertão. O Zé Antonio, afiadamente perspicaz, já tinha cantado a bola: “rapaz...você é um mossoroino cajazeirado”. Na mosca, Zé, na mosca.

         O fato é que de lá pra cá assisti a despedida de muitos colegas de trabalho, transferidos por sua vontade à outras Universidades em cidades de maior porte (ou próximas a elas). Sinceramente nunca cogitei esse caminho. Bem que poderia fazê-lo. As vésperas de mudar-me, a Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, no intuito de garantir seus quadros, me convidava a tomar posse como professor efetivo, concursado que era naquela instituição. Declinei. Anos depois, investido do título de Mestre conferido “com distinção” por uma banca de enorme envergadura acadêmica (duas professoras ligadas a universidades européias e uma outra titular da Universidade de São Paulo – USP), percebia o caminho aberto para conquista de vaga em outros colegiados. Mesmo porque minha área de atuação (Arqueologia Pré-Histórica) não oferecia (e não oferece) fartura de profissionais qualificados. Nada me convencia a deixar Cajazeiras.

         Finalmente, aqui me casei (a Samara Figueiredo, hoje ex-esposa, mesmo assim ativa participante desta saga) e entre Cajazeiras e Mossoró acompanhei o passamento dos meus “velhos”. O último deles, D. Djamira, tia-avó e minha segunda mãe, viveu seus últimos meses aqui, na Terra do Açude Grande.

         Vidas vão, estão, chegam. E vem ao mundo e a mim Maya Jordana, minha filha, última na linhagem da Avenida Rio Branco e belíssima em suas metades alto-sertaneja e potiguar. A ela, principalmente, dedico esses 20 anos. 

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sexta-feira, agosto 20, 2010

SBEC realiza encontro nacional em cajazeiras


Cajazeiras recebeu nesta segunda-feira (dia 16) comitiva representativa da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC encabeçada por seu presidente, Prof. Dr. Lemuel Rodrigues. Sediada na cidade de Mossoró (RN), a instituição tem como centro de suas atenções a temática do Cangaço, abrigando ainda discussão e reflexão acerca dos processos culturais e sócio-históricos nos limites do Nordeste Brasileiro. Seus associados, dispersos no Brasil e no exterior, somam considerável numero onde se alinham pesquisadores e interessados na temática do cangaço.
No período da manhã do ultimo dia 16, a comitiva se reuniu com o diretor do Centro de Formação de Professores, Prof. Dr. Cesário Almeida, quando foram traçadas as linhas gerais da parceria entre as duas instituições. Na parte da tarde foram discutidos os aspectos acadêmicos do evento desta feita em reunião com professores do curso de História do campus de Cajazeiras, Prof. Dr. Rodrigo Ceballos, Profª Viviane Ceballos e Prof. Isamarc Lobo
Também envolvidas nesta empreitada a Universidade Estadual do Rio Grande do Norte – UERN e a Associação Nacional de História (ANPUH) através de sua seccional rio grandense.  Espera-se a confirmação da ANPUH-PB. A escolha de Cajazeiras para sediar o segundo encontro nacional da entidade, previsto para 2011, se deve, na palavras do seu atual presidente, “...a localização estratégica da cidade, próxima do Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte...” assim como a condição de “...cidade universitária” que Cajazeiras ostenta. O primeiro encontro nacional da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço ocorreu em Brasília.

quarta-feira, agosto 11, 2010

um ano sem D. Dione ("Mamina")

11 de agosto de 2009... a extamente um ano morria D. Dione (veja a post). Tomo o carro e o aponto em direção a Mossoró. A intenção é colocar flores no seu túmulo e uma unica rosa branca nos batentes da casa, agora vazia e fechada. Frente ao túmulo me consola que lá estao todos os seus. A gente esquece que nossas mães foram algo mais que mães... Foram filhas, sobrinhas, netas...Minha mãe está junto aos seus (e meus tambem). Peço que todos velem por mim na eternidade como fizeram quando em vida. Tomo a estrada e retorno.

domingo, agosto 08, 2010

Dia dos pais, mães, avós e tios-avós

          Dia dos Pais e Dia das Mães sempre me deixaram confuso. Não pela falta do pai, que caiu fora de minha mãe quando eu nem sabia que era gente ainda (3 anos de idade). Na verdade, tive uma fartura de pais, e, de cima da maturidade, hoje percebo que  NUNCA ENCONTREI ALGUEM - UM PAI - QUE PELO MENOS SE APROXIMASSE DELES, qualquer que fosse a circunstância. De manhã, de tarde, de noite...eles nunca deixaram de estar por perto. Mas voltemos a confusão que sempre me causaram essas datas (Dia dos Pais e Dia das Mães). Não vou expor o conceito. Vou dar um exemplo. Tomemos o Dia das Mães. Quando começava a enumerar as qualidades (INFINITAS) de D. Dione na condição de mãe, começavam a aparecer coisas do tipo: "aaaa...legal... Tetim também... Vozinho também...Titia e Vozinha também...". Eu tive um monte de pais e mães. E nao entenda isso como a batida figura de linguagem que se usa como lugar-comum nessas situações. Afirmo de pé junto, que guardadas as devidas proporções, Meu tio-avô e minha tia-avó (Tetinho e Titia), Dona Dione, minha mãe, e vozinho e vozinha (maternos), se diferenciavam entre sí (quando o assunto era atenção a mim dispensada) somente pelo número do CPF de cada um. Pra que vocês tenham idéia, olho para tras e nao identifico uma reprimenda mais brusca de nenhum deles.  NENHUMA, entenda ipsis literis. E olha que eu cheguei a merecer... e muito. 
          Morávamos todos juntos. Como ja escrevi aqui, posts anteriores, eu me dividia em duas casas (contiguas). Dormia vez em uma, vez em outra, almoço em uma, jantar em outra. Livros em uma, guarda roupas em outra. É serio, nao estou brincando. Os amigos de Mossoro e das antigas que por aqui passam  nao me deixam mentir.
          Todos eles agiram como pais e mães, sob a batuta de Dona Dione (regendo as diretrizes gerais de minha formação e sobrevivência). Eles me levaram a banhos de água doce e salgada , me trouxeram à sorveteria, me presentearam com minha primeira revista em quadrinhos (o volume 1 da Tex, que trazia de brinde um minúsculo arco e flecha...foi Vozinho - o Homem dos Livros - quem me deu. ). Me ensinaram a pescar camarão com uma garrafa, me ensinaram a fazer arraias (pipas), me deram moedas, socorreram meu choro (e nao somente quando criança), me ensinaram a dirigir, acompanharam minha boemia, me deram seus discos e depois me compraram outros, se orgulharam a cada degrauzinho galgado em minha carreira, me levaram pro hospital, me presentearam meus primeiros instrumentos musicais, me ensinaram sobre poesia e violeiros, contaram histórias, me deram banho (mesmo já eu um cavalo...Mamãe me pegava adulto e biritado e usava uma bucha pra me dar polimento no meio da ressaca ou do porre...coisa de pai), me levavam pra feira no mercado de madrugada, traziam da feira agrados pra mim, cozinhavam meus pratos prediletos, recebiam meus amigos, recebiam minhas namoradas, perdoavam e esqueciam SEMPRE, repito, SEMPRE, meus deslizes e ousadias, acenderam fogueiras de São João, se fizeram de Papai Noel, me empurraram mundo a fora, me viram e aplaudiram na parada tocando na banda do colégio e finalmente me concederam o privilégio de estar presente na hora de cada morte, distancia máxima de metros...

(agora pegou... como sinto falta de vocês...como vocês me fazem falta...me recomponho e continuo)


          De forma que sempre me foi muito dificil diferenciar pais e mães. Era uma mão de obra e continua sendo. Mesmo separando homenagens, ainda fica o coletivo. Dias das Mães, eram três... Dias dos Pais, esses dois, gravados a fogo e doçura em minha alma. Todos os dias, eles cinco (minha mãe, Dona Dione; meus tios-avós que nao tiveram filhos para que a  mim coubesse o privilegio, Tetinho e Titia... meus avós maternos, Vozinho e Vozinha). Como gostaria de tê-los de novo, vocês todos. 

Hoje, contudo, abraço Tetim e Vozinho, meus "pais de calças"...e peço que levem parte de minha saudade, do meu eterno amor aos outros três, "meus pais de saias", Dona Dione, (mãe), Vozinha (D. Mundica) e Titia Djamira. 


 Encontros e Despedidas
(Milton Nascimento)
Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar quando quero

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai querer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar

E assim chegar e partir
São só dois lados da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar

sábado, agosto 07, 2010

arqueiro

O meu é esse aí (que tal, amigo Rubens )... É um recurvo. Me recuso a usar o arco composto (frescura, frescura...assim que tiver a grana meto a  mão em um). 
AGORA SO FALTA ACHAR O DA MAYA JORDANA

quinta-feira, agosto 05, 2010

Mariza em Preto e Prata

          Dizer que sou um fanático pelo trabalho da Mariza (e pela própria) é chover no molhado. Pois bem. Nos dias que correm resolvo fazer o que ja deveria ter feito a muito. Back ups dos vídeos da fadista que, a cada porre, ficam mais estragados. O empurrão vem de uma grande  amiga a quem dedico o maior carinho. Apresento-lhe, via net, um naquinho de nada da Mariza. Maneira de dizer, pois que envio logo as pedreiras que são "Medo", "Primavera" e "Quando me Sinto Só". Sensivel como ela só, cerra fileiras entre os que curtem a diva. 

          Matar dois coelhos com um fado, faço os back ups e mais cópias para distribuição entre os fissurados e fissuradas como eu. Pronto o "Live in London", garantido o "Ao Vivo em Lisboa" me bate uma dúvida. Em 2006 a Mariza se apresentou no palco Raizes do Rock in Rio Lisboa. Será que pelas esquinas da net eu nao encontraria algo desse show? Coloco o escafandro e mergulho nas águas turvas da Rede. Surpresa. A Mariza se apresentou na edição deste ano do Rock in Rio Lisboa no palco principal. E um carinha D'Alem Mar tinha o vídeo... que eu ja peguei e editei com o maior carinho. E, claro, já vi, me arrepiei e enchi a cara. 

      Mas também não é bicho de outro mundo nao. A primeira coisa que se percebe é o sol...O sol mesmo, aquela coisa redonda e quente pra cacete que se esconde de noite. O show é de tarde. Isso mata a atmosfera sombria que é propria ao fado. Depois é de se notar a propria Mariza. Manteve a tradicional saia longa e negra. Mas só. Na cintura, peças de couro e metal. Camisa de malha sem mangas e uma jaqueta de couro negro. Tirando a parte do vestido, ficou parecendo a versao feminina de Lemmy, do Motorhead (sem os bigodes, por favor). A cara, lavadinha, pouquíssima tinta. 
          Para quem não sabe a Mariza originalmente cantava pop e soul music. Migrou para o fado, pela graça dos deuses. Era de se esperar algo do tipo a predominar no repertorio visto o caráter do evento (Rock). Nada disso. Ela carrega no track list do ultimo CD ("Terra"), levando ao palco o Tito Paris (de Cabo Verde) um os mais belos timbres de voz que a África pariu. E tome fado. Lá pro fim, nao podia deixar de ser, "Primavera". O publico delira e se curva ante o poder vocal da moça. Já disse aqui em um post anterior que, em meu limitado juizo, a Mariza levou ao fado o poder da vocalização rocker. Taí a prova. 
          "Ó Gente de Minha Terra", ela canta fora do palco, lé embaixo, junto ao público. E falando em público, parece que a menina ainda nao se acostumou com a fama. Entre duas músicas a massa berra "Mariza, Mariza, Mariza"...Ela, discretamente, cai no choro. Recompõe-se rapidinho, quase nao se nota. 
          Por fim, a palhinha, uma breve incursão ao Rock'n'Roll. Sem nada do seu estilo ela manda ver em "Come as You Are", emblemática do Nirvana. Não é pra morrer também nao (na verdade, ficou uma merda). Eu escolheria outra, um outro tema que possibilitasse os arroubos do seu gogó atômico. Essa aí, tadinha, ela canta no meio de um beijo de lingua com um marinheiro português em alguma viela escura de Alfama, facinho facinho...


pelas ruas, os sons

          A Adriana eu não conheço pessoalmente e já quero levá-la ao altar. Explico. A moça amarra  o jegue às margens do Açude Grande com a espinhosa tarefa de trabalhar disciplinas da área da Psicologia junto aos infantes da UFCG-CFP. Em nossa última conversa ela me manda um link. Clico  e em poucos minutos ja me vejo noivo da dita. E olha que não era um ensaio fotográfico da menina. O link me leva às imagens do projeto Music for Changes que grava musicos de rua em ação. No vídeo em questao a proposta foi gravar uma peça inteira a partir de  mil participações mundo a fora. A música escolhida... "Stand by Me". So de falar me arrepio. Do negro maltrapilho na California, corre-se pra uma washboard em New Orleans, pula-se pra um cavaquinho no Rio de Janeiro,  um violoncelo em Moscou, um grupo de nativos americanos, um coro sul-africano e assim segue planeta a dentro. 
                   Gente. Tô falando sério. É MUITO BONITO MESMO. Já roubei o audio. Coloco alí embaixo pra download. E tambem por lá o link para o vídeo. Se vc pensa em so ouvir a musica, fique certo que sem as imagens a coisa perde muito do impacto. Portanto, vá aos dois, faça-me o favor. Grato, Adriana e seja bem vinda ao Açude Grande.



desça o audio clicando aqui

VEJA O VIDEO, NAO DEIXE DE VER A PORRA DO VIDEO
DEIXE DE PREGUIÇA, CLIQUE E ESPERE ABRIR QUE VALE A PENA



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Encontro nacional ...em Cajazeiras

        
          Toca o telefone. Odeio esse barulhinho, talvez em função das más notícias que sempre o acompanharam nos últimos anos. Levo o fone às “oiças” já com aquela cara de quem sobe ao patíbulo.  A voz do outro lado me era muito familiar, o reconhecimento chegando no segundo desfiar de carinhosos e impúblicáveis palavrões.  Era o Lemuel Rodrigues, colega de juventude e salas de aula em Mossoró, hoje Prof. Dr. Lemuel Rodrigues, efetivo do quadro docente da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte. Quebrando o padrão, o telefone me traz uma feliz e agradável surpresa.

        Cumprido o trâmite social (que para mim e o Lemuel é recordar as noitadas dos anos idos), me informava esse que me é tão caro da sua condição de presidente da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC, entidade que reúne amplo leque de interessados no tema, dispersos pelo Brasil e exterior. Segundo me informava na qualidade de dirigente da instituição, o ano vindouro (2011) abrigaria o encontro nacional da entidade. E esse encontro a SBEC gostaria de realizar em Cajazeiras. Isso mesmo. Aqui, às margens do Açude Grande.

         Meio que sem fôlego, solicito detalhar o quadro. Arrojado como só ele sabe ser, me adiantava o Lemuel que isso poderia ser feito em reunião da Sociedade que me receberia como representante da UFCG-CFP estando já feitas reservas em hotel da cidade de Mossoró em meu nome. Típico de Lemuel. Quando você pensa em chupar o caju, ele já tem a mão cheia de castanhas... e assadas. Peço alguma prazo. Viajar carregando o nome do meu Campus não é coisa besta não. Contato de imediato o meu diretor, o Prof. Dr. Cezário de Almeida, outro de visão larga, coragem e decisão quando o assunto é  a otimização das lides acadêmicas. Reporto-lhe o que me foi dito e, sem surpresa alguma, recebo autorização para cair na estrada em nome do Centro de Formação de Professores da UFCG que se dispunha, nos limites de sua realidade, a colaborar com o que fosse para que se tenha Cajazeiras como sede do encontro nacional da SBEC.
        
          Em Mossoró, finco pé. Antes de mais nada a questão era: o que levou a instituição a se interessar pela Terra do Padre Rolim para sediar evento de tal envergadura? Objetivo, o presidente da SBEC faz ver nossa posição geográfica estratégica quando o assunto é Sertão. Estamos próximos a diversos estados, encravados na “ecologia” que abrigou o cangaço e possuímos uma razoável estrutura acadêmica, não somente na UFCG. Conversa vai, conversa vem, batemos o martelo de forma preliminar. Cajazeiras deverá, neste estágio da coisa, sediar o II Congresso Nacional do Cangaço que ocorrerá entre os meses de outubro e novembro de 2011.

         Claro que muitos ajustes esperam atenção. Mas o fato é que a carroça já está andando. Próximo dia 16 uma comissão formada por diretores e sócios da SBEC chega à cidade. Sua intenção é formalizar junto a UFCG-CFP os parâmetros gerais do evento, alem de conferir questões estruturais, como nossa rede hoteleira. Obviamente que uma audiência junto ao poder executivo local será de extrema pertinência. Não vamos esquecer que trata-se de um evento de caráter nacional voltado para um tema que faz parte do DNA cultural do sertanejo, o Cangaço. A Universidade Federal de Campina Grande, seu Centro de Formação de Professores não pode e não deve ser a solitária  representação de nossa comunidade na empreitada. Poder público e entidades privadas, associações e clubes, grêmios e sindicatos além da sociedade sertaneja como um todo, devem abraçar a proposta com veemência. Somos um pólo de referência cultural, gostamos de propalar. Somos, de acordo com um jingle bem popular, o “berço da cultura paraibana”. É hora de demonstrar claramente o status que, de forma justa, chamamos a nos, cajazeirenses e cajazeirados. Que venha pois o II Congresso Nacional do Cangaço, puxado pela SBEC. Nossos parabelluns estão à disposição de tão distinto “bando”.


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